quinta-feira, janeiro 12, 2012

População está correta ao avaliar saúde pública como ruim, diz ministro

Alexandre Padilha falou com o G1 sobre pesquisa do Ibope.
Para 61% dos brasileiros, atendimento público é ‘ruim’ ou ‘péssimo’.

Marília JusteDo G1, em São Paulo
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta quinta-feira (12) que a população brasileira está “correta” ao avaliar o atendimento do sistema público de saúde como “ruim” ou “péssimo”. Padilha conversou com o G1 sobre a pesquisa Ibope feita para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) que mostrou que 61% dos brasileiros estão insatisfeitos com a qualidade do serviço de saúde.
“O diagnóstico global feito pelos brasileiros está correto”, disse Padilha. “Ele aponta os principais desafios da saúde no Brasil: a demora no acesso ao atendimento, o desperdício e a qualidade do atendimento.”
DemoraA demora foi considerada o maior problema do sistema público para 55% dos entrevistados. “A população aponta que precisamos organizar melhor nossos serviços”, afirmou o ministro. Para ele, a criação das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) 24 horas é um passo nessa direção.
“Uma das questões que a população aponta, e com razão, é que às vezes todo o atendimento está concentrado nos Prontos-Socorros, misturando os casos menos graves com os mais graves. A UPA 24 horas é importante, porque você separa”, disse.
Segundo dados do ministério, onde já há uma rede de UPAs estruturada, “de cada 100 pessoas que procuravam a UPA 24 horas, apenas três precisavam ser encaminhadas para um Pronto-Socorro”.
O ministro disse também que a criação dos centros de Telessaúde visa resolver a demora no acesso a exames e especialistas. Neles, unidades básicas de saúde em bairros de periferia e cidades pequenas recebem uma rede de acesso à internet para que médicos possam enviar e receber exames e também tirar dúvidas com especialistas.
Contratação de médicosA pesquisa do Ibope informou que para 57% dos entrevistados, a principal medida seria contratar mais médicos. Para Padilha, a questão envolve formar médicos de especialidades em falta, como oncologia (que trata o câncer), geriatria (que trata idosos), neurocirurgia (que realiza operações no cérebro) e anestesiologia (responsável pela sedação do paciente).
Para isso, o Ministério da Saúde está trabalhando com o da Educação para financiar, com recursos próprios, bolsas de residência médica nessas áreas. Em troca, os médicos podem ter descontos no pagamento ao atender a população nas áreas mais necessitadas.
Mesmo com as propostas da pasta, a pesquisa informa que 85% dos entrevistados não perceberam avanços no sistema público de saúde nos últimos três anos. “Isso revela os nossos desafios. [...] O ministério globalmente concorda com os resultados da pesquisa”, disse Padilha sobre esse dado.
Para ele, são dois os pontos mais positivos apresentados no levantamento. O primeiro é que 71% das pessoas que responderam acreditam que as políticas preventivas de saúde são mais importantes do que construir hospitais. O segundo, que a luta contra as drogas envolve não apenas segurança pública, mas também saúde pública.