quarta-feira, dezembro 14, 2011

Festas de fim de ano abrem cerca de 16,5 mil vagas temporárias em Minas

Papais Noéis, elfos, ajudantes, eletricistas, costureiras, marceneiros e montadores compõem a grande lista de vagas abertas no fim do ano e que não estão, necessariamente, no varejo

Paulo Henrique Lobato - Estado de Minas
Publicação: 14/12/2011 06:00 Atualização: 14/12/2011 06:42

Evanilson Lacerda e Louise Lacerda, Papai Noel e auxiliar na Casa do Papai Noel montada em Nova Lima (Beto Magalhães/EM/D.A Press)
Evanilson Lacerda e Louise Lacerda, Papai Noel e auxiliar na Casa do Papai Noel montada em Nova Lima


O eletricista Marcelo de Souza, de 45 anos, e o técnico em manutenção de piscinas Evanilson Alevato, de 46, cumprem missão especial até 24 de dezembro. Fantasiados de Papai Noel, encantam crianças, alimentando nos pequenos o sonho de uma vida melhor. Em contrapartida, recebem milhares de sorrisos, carinho e um salário diário de R$ 100. Os dois não se conhecem, mas engrossam a multidão de brasileiros que aproveitam o Natal para engordar o rendimento da família. Pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem) mostra que cerca de 16,5 mil vagas temporárias devem ser abertas no estado em razão das festas de fim de ano. Já estudo da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio) apurou que 70,8% dos empresários do setor abririam vagas temporárias no último trimestre do ano. Pudera: 88,5% dos entrevistados, segundo a mesma entidade, avaliaram que as vendas em 2011 serão melhores do que as de 2010.
A maior parte das vagas temporárias, no entanto, é destinada a vendedores e profissionais ligados aos bastidores do comércio, como seguranças e estoquistas. Mas várias outras funções têm oportunidades especiais nesta época do ano, como eletricistas e decoradores. Atuando nesta última função, Alexandre Gurgel assina a decoração da Praça Bernardino Lima, a principal de Nova Lima, na Grande BH. A contratação dele se refletiu na abertura de mais de 80 empregos temporários. “São costureiras, montadores etc. Em média, cada pessoa recebeu R$ 1 mil. Durante a montagem da casinha do Bom Velhinho e da iluminação da praça, por exemplo, houve dia em que largamos serviço às 3h e voltamos (à labuta) às 7h. Foi cansativo, mas valeu muito”, disse.

Uma das pessoas contratadas para o novo e temporário cartão-postal de Nova Lima é o Papai Noel Evanilson. Até as 18h, ele ganha a vida limpando e fazendo manutenção em piscinas. Às 19h, porém, coloca a grande barba postiça, calça as pesadas botas pretas, veste a tradicional roupa vermelha e solta o grito: “Ho! Ho! Ho!”. “Me fantasio de Papai Noel há 15 anos. Em 2011, vou receber R$ 1,5 mil por 15 dias. Mas, mais importante do que o dinheiro, é o carinho do público. Sabe o que é ver uma criança correndo em sua direção? E tem outro detalhe: muitos idosos vêm ver o Bom Velhinho. Eles tentam resgatar o sonho de criança. É fantástico”, revela.

Personagem principal da casinha do Papai Noel de Nova Lima, ele conta com a ajuda de Telma Lacerda, de 43, que organiza a fila de crianças, e da jovem Louise Marilac Silveira, de 22, que se veste de duende para receber o público ao lado do Bom Velhinho. Recém-graduada em administração de empresas, ela recebe R$ 70 diários pela função, que considera prazerosa. “Com o dinheiro, vou comprar presentes para o namorado e familiares. O restante vou guardar, pois, como ainda estou procurando emprego como administradora, vou usar parte do recurso para me manter.”

CAPITAL Já em BH, o Papai Noel Marcelo de Souza divide carinho e alegria com crianças e adultos que visitam a vila do Bom Velhinho montada no salão principal da prefeitura, com entrada pela Avenida Afonso Pena. “É o segundo ano em que me fantasio. Me emociono várias vezes ao dia”, afirma Marcelo, que conta com o apoio de seis monitores no local. O coordenador da turma, Daniel Salomão, de 20, explica que “a magia do Natal contagia a todos”.

“Deixei a faculdade de farmácia e vou começar a de arquitetura. Aproveito para ganhar um dinheiro extra”. Daniel e os outros monitores ganham, cada, R$ 90 diários. Felipe Lacerda, de 18, que cursará o último ano do ensino médio em 2012, pensa usar o dinheiro numa viagem para Cabo Frio (RJ). Já a fluminense Carolina Brasil, de 26, trocou Arraial do Cabo (RJ) por Belo Horizonte há um mês. Turismóloga, ela procura um emprego na área. Enquanto isso, integra a equipe de Daniel.

Muito além  do Polo Norte
O Papai Noel Marcílio de Souza e os monitores da Casa do Papai Noel montada no interior da Prefeitura de BH (Túlio Santos/EM/D.A Press)
O Papai Noel Marcílio de Souza e os monitores da Casa do Papai Noel montada no interior da Prefeitura de BH
O Natal não rende bom faturamento apenas aos homens que se vestem de Papai Noel e seus ajudantes. Eventos nessa época do ano também abrem centenas de postos de trabalho temporário. A 1ª Feira de Natal, que ocorre de hoje a 18 de dezembro, no Minascentro, em Belo Horizonte, beneficiou cerca de 200 pessoas, que desempenham funções de vendedores, montadores, eletricistas, entre outras. A feira deve atrair 25 mil consumidores e é a última destinada ao Natal na capital. Bom para quem expõe seus produtos, mas também para os temporários.
É o caso do eletricista Claudeci Fonseca, de 40 anos, que receberá R$ 80 por dia trabalhado. “O evento veio em boa hora, pois, como trabalho por conta própria, faltam oportunidades em janeiro e fevereiro. Por isso, para suprir a falta de trabalho no início do ano, preciso economizar nos outros 10 meses”, conta o profissional. O mesmo ocorre com o montador Edcleyton Silva Messias, de 33, cujo ganha-pão vem da força de trabalho vendida aos organizadores de ventos.

“A diária para o montador varia de R$ 80 a R$ 100. Muita gente terá uma ceia melhor em razão dessa feira”, avaliou Edcleyton. A 1ª Feira de Natal é organizada pela Tecnitur, em parceria com a Associação Comercial do Estado de Minas Gerais (ACMinas). “É uma chance de abrir mais espaço para a empregabilidade”, resume Roberto Fortes, presidente da ACMinas.

MEDO DO DESEMPREGO
A economia tem sempre os dois lados da moeda. Enquanto o comércio de BH abre centenas de vagas temporárias, pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apurou que o medo do brasileiro de perder o emprego aumentou. O chamado Índice de Medo do Desemprego passou de 78,7 pontos, em setembro, para 81,6, em dezembro, alta de 3,7%. O índice varia de 0 a 100 e foi elaborado com base nas respostas de 2.002 moradores de 141 cidades. A CNI informou ainda que, na comparação com dezembro de 2010, a alta foi de 2,9%.

R$ 70 a R$ 100

É o valor da maioria das diárias  em eventos e instalações específicas de Natal

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