terça-feira, agosto 03, 2010

PATRIMONIO CULTURAL

EDSON RAMOS

Já era esperado que algum dia tentariam apagar vestígios da nossa história. Aconteceria cedo ou tarde, pela manhã ou na calada da noite.
E esse fato se tornou tão real no dia em que misteriosamente o Sobrado Pimenta, edificação mais antiga de Capelinha, berço da nossa história, pegou fogo e teve parte de sua cobertura e assoalhos queimados. O que mais me impressionou foi ver em frente ao Patrimônio em chamas, cidadãos de braços cruzados contemplando o fogaréu que de lá saia. Ninguém gritava ou agia. Se não tivessem aparecido meia dúzia de agentes de proteção do patrimônio Capelinhense, a tragédia seria maior.
O silencio tomou conta naquela noite. Tudo se via e nada se fazia. Como sempre aconteceu com nossos velhos patrimônios deixados ao léu, nem legislação municipal, estadual ou federal foi capaz de impedir que derrubassem as velhas paredes do Sobrado. Não vi quem as derrubou, mas sei que elas não cairiam sozinhas, pois o incêndio só prejudicou fisicamente parte da fachada que dava para a rua Domingos Pimenta.
Acabaram mais uma vez com um representante vivo da nossa história, assim como aconteceu com o mercado antigo da Rua das Flores, com o antigo salão paroquial etc.
E mais uma vez nos calamos, deixamos para o Ministério Público uma ação que é cidadã, que não tem conotação política, religiosa nem nada. Peço que me desculpem, mas o silencio apenas condenará aqueles que conhecem seu papel e titubeiam frente a tentação do ostracismo interiorano.
Não se mata uma história, ela é apenas recontada e este novo capitulo com certeza está longe de acabar.

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